Powered By Blogger

sábado, 26 de novembro de 2011

Milionésimo artigo...

Universidade Federal de Pelotas
Geografia Lic. Plena,Turma 1 - 2º Semestre
Professora Érica Megiato
Marco
GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO

           Apenas com a intenção de declinar sobre conceitos básicos utilizáveis na Geografia contemporânea para que se consiga tecer as devidas críticas à política aplicada ao nosso país inicio este artigo referindo-me a parte social da Geografia da População.
           Em primeiro momento devemos entender que População refere-se ao número de habitantes de determinado lugar. Quando este número superar um milhão de habitantes, afirmamos que o país é populoso. A população relativa ou densidade demográfica é a relação entre a população absoluta e a área do território, por ela ocupada. Se este número for igual ou superior a 100 hab/Km², afirmaremos que o país é povoado.
            Pegamos como exemplo o Brasil, com população aproximada de 190 milhões de habitantes divididos pela área do território (8500 milhões Km²). Chegaremos a um número arredondado de 23 hab/km².
            Nossa primeira conclusão é de que o Brasil é populoso e pouco povoado.
            Nosso próximo entendimento é sobre Ecúmeno, que nada mais é do que uma área ou região onde a natureza favorece ou estimula a presença humana. No Brasil, serve-nos de parâmetro o Sudeste brasileiro, que devido à imigração, principalmente de nordestinos, que atraídos pela ilusão de emprego, alimentação e vida digna, se estabelecem, encontrando-se hoje, esta região, saturada rezando pela inversão do fluxo, baseada na suposta atitude governamental, de redistribuição de renda.
           Em oposição ao Ecúmeno, temos o Anecúmeno, que nada mais é do que uma região inóspita, dificultando ou impedindo a presença humana. Voltando ao fato, de que determinadas regiões, atraem os menos favorecidos, tendo como resultado o caos social e o inchaço das metrópoles, vamos nos basear nas expressões geoeconômicas criadas para estabelecer a linha da pobreza de uma população que é dada por todos aqueles que vivem com até um dólar por dia (US$/dia), que seriam a superpopulação,o superpopuloso, o superpovoado. Em 1990 a ONU criou o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), para avaliar quantitativamente os países. O IDH varia de 0 até 1, sendo assim classificado:
·         Baixo: de 0 até 0,4999
·         Médio: de 0,5 até 0, 7999
·         Alto: de 0,8 até 1,0.
           São utilizados os seguintes critérios para realizar tal análise:
1.      Social: expectativa média de vida ao nascer (esperança de vida ou longevidade);
Ex: Natalidade, mortalidade infantil, nutrição, habitação e saneamento.
2.      Educacional: com peso 2 a taxa de alfabetização que é dada por todos os alunos que possuem 15 anos ou mais; com peso 1 a taxa de escolarização independente da idade matriculados em qualquer nível de ensino ( segundo IBGE, é alfabetizado quem tem a 4ª série do ensino fundamental completo), sabendo-se que quem tem entre a 1ª e a 4ª chama-se analfabetos funcionais.
3.      Econômico: renda per capita RpC=   PIB
                                                         P.ABS                                                
           Entenda o PIB como a soma de todas as riquezas produzidas ao longo de um ano pela economia. O ideal no Brasil é usar o Rp CC, que consiste na Renda Por Capacidade de Consumo. O IDH brasileiro é 0,6999, deixando o nosso país em 73º no ranking mundial, ficando atrás de Chile e Argentina, por exemplo. Há o IDH- D, que é o índice ajustado à desigualdade.
           Nota-se outra importante constatação. Sendo o Brasil, o impulsor da América pobre, saltando ao mundo, como redentor, oferecendo ajuda para outros países, surgindo nos discursos politiqueiros, à afirmativa chegada ao grau de “país do futuro”, como podemos explicar ficarmos em tão pífia colocação?
           É difícil a explicação, mas uma constatação pode ser feita. Hoje possuímos nas Classes “C eD”, nossa base consumidora, que adquire através de um crédito facilitado, que esconde um juro abusivo, fazendo à nós, parecer que aumentamos o nosso poder aquisitivo, mas na verdade estamos criando uma bolha. Seguimos tão pobres, quanto antes, com a diferença de estarmos empobrecidos assistindo uma TV LCD, ou passeando em um veículo financiado em 72 vezes.


            Crescimento da população.
a-      Crescimento natural ou vegetativo;
É a diferença entre a taxa de natalidade e a de mortalidade.
Taxa de natalidade nº de nascimentos vivos multiplicados por mil e divididos pela população absoluta.
Taxa de mortalidade= nº de óbitos vezes 1000, divididos pela população absoluta.
            Pode ser explosão, transição ou implosão. Brasil está na característica transição, que em suma significa que estamos envelhecendo. Seria por conscientização, ou por necessidade?
            As mulheres necessitam trabalhar, para contribuírem na renda familiar, faltando tempo, para terem e cuidarem de filhos. A necessidade deste novo arranjo social acarreta na evidente diminuição da taxa de natalidade. Só que neste fato, é que esta o que nos interessa. Em determinadas regiões, o atraso e a falta de opção, ainda atrelam a mulher, na condição sujeita a mercê da falta de controle verificando que em regiões de extrema penúria, ainda é alta a taxa de natalidade. Onde mais se precisa de controle, é onde menos se tem. A estatística é a arte de maquiar uma grande mentira, faz-se uma média, chegando a uma conclusão, que não condiz com o macro.
            Só para um conhecimento geral há a implosão; exemplo decorrente na Europa, principalmente a Rússia. A implosão dá-se a um crescimento populacional inferior a 1%.A licença maternidade na Finlândia é de 8 a 36 meses, tudo para tentar reverter o quadro de implosão demográfica.  
b-      Crescimento por migração...:
Emigrante ( expulsão) e imigrante( atração).
            Causas das migrações:  econômica, política, religiosa e física/ natural ou primitiva.
            Migrações no Brasil
            Em 1808 começa a história do Brasil quanto às migrações, com a vinda da Família Real. Em 1824 etnia branca, loura e de olhos azuis transparentes (os alemães), estabelecem-se nos vales dos rios Itajaí( SC) e Sinos, Caí, Taquari, Jacuí, Pardo e Ratos (RS), vieram na condição de ocupar, povoar e colonizar.
            Já em 1875, tivemos a chegada dos italianos. Cabe salientar o que chamamos de M-O-A( mão de obra assalariada), utilizada no cultivo do café no planalto paulista. A Inglaterra força a criação da classe assalariada no Brasil. Um dos  objetivos era livrar-se do excedente populacional e criar assalariados consumidores de seus produto.
            Ou mato ou morro. No mato, alemães ocupando a mata ciliar, ou seja, junto ao rio. No Morro, 50 anos depois, chegam os italianos sem espaço na beira do rio, resta subir a serra.
            Neste ponto devemos nos perguntar do motivo que fez a política favorecer a necessidade externa, em detrimento da questão dos Negros alforriados. O que pensaram à época?
            No ano de 1934 surge a lei de cotas que resulta na primeira legislação que visa restringir o ingresso de novos imigrantes no Brasil; somente poderiam ingressar a cada ano 2% de cada etnia sobre o total que ingressara nos últimos 50 anos, preferencialmente homens, jovens, agricultores que não tivessem um passado político partidário nos seus países de origem.
            Este trecho acima remete ao entendimento de que, quando há a premente necessidade, somos tolerantes, visto que o imigrante acaba por se sujeitar a qualquer salário e a qualquer trabalho. Para inferiores, trabalhos inferiores. Até a década de 80 o que era tolerância transforma-se em intolerância. Devido a revolução técno-científica cuja base foi a informática que criou novas atividades econômicas (ex: telemática, robótica,mecatrônica,micro eletrônica, bio-tecnologia, engenharia genética), que aceleram a formação de lucro mas também do desemprego. Ocorre o que denominamos de desemprego estrutural, pois somos substituídos por novas tecnologias, constituindo no mais grave de todos. Há o desemprego conjuntural, que é passageiro, geralmente motivado por uma crise. Desemprego Institucional é o desemprego provocado pelo Estado. O que move o mercado é o Capital especulativo e produtivo. Ambos são aceitos. Capitalismo produtivo investe recursos para gerar novos empregos, salário. Capitalismo especulativo não gera empregos, tendo como base a bolsa de valores.
            Duas situações podem ser verificadas, primeiro é que o prognóstico sugere um aumento no índice de desempregados, visto que a tecnologia evolui cada vez mais, numa voracidade de causar medo. Em segundo, me resta a dúvida se o governo não está incentivando a ociosidade e despreparo, com os tais “bolsa isto, bolsa aquilo”. Há quem se acomode com este auxílio, virando uma párea no processo evolutivo.        Encorajo-me em dizer que este mecanismo implementado pelo governo, serve apenas para manter a elite, dominando as melhores colocações no mercado de trabalho.Basta ler O Príncipe de Maquiavél.
            Principais movimentos migratórios:
            Êxodo Rural tem como causa, entre outras, a mecanização da agricultura.Seria a expulsão do campo e pelo campo e a atração da cidade e pela cidade. Suas consequências foram a explosão demográfica, aumento da M-O-B-E (MÃO DE OBRA BARATA E EXCEDENTE). Entenda que excedente é igual desemprego e agravamento dos problemas urbanos: macrocefalia urbana (crescimento acelerado e desordenado da cidade), a hipertrofia do terciário e a favelização da cidade.
            Migrações pendulares – hoje o mais importante movimento migratório que ocorre nas cidades. Observado entre o centro e a periferia. Mora-se aqui, trabalha-se lá. Exemplo típico é dos bóias-frias.
            Migrações sazonais  ou transumância – exemplo a pecuária no pantanal, que obriga a movimentação, devido cheia. Outro exemplo eu daria, como o período de veraneio no Cassino.
Destes movimentos migratórios, o êxodo rural abre caminho para o agronegócio, gerenciado via de regra, por multinacionais, que através dos royalties, determinam o preço de mercado. Já o migratório pendular, consiste em uma forma de sempre manter o proletariado sem um norte, uma referência, visto que torna-se difícil o vínculo com o seu “chão”, dificultando ainda mais o seu crescimento e, em muitos casos, deixando-os desamparados nas mãos opressoras de patrões inescrupulosos, que praticam a escravidão.
            Para o encaminhamento da parte final deste artigo, é importante ter uma noção das teorias demográficas.
a)      Thomas Robert Malthus: inglês, economista que em 1798 publicou ensaios sobre o princípio da população. Lei dos rendimentos decrescentes Lei dos rendimentos decrescentes.

Neo-malthusianos ou pessimistas- surgem pós 2ª guerra mundial, especialmente na década de 50 e 60, com a seguinte afirmação: O rápido e acelerado crescimento demográfico observado nos países( subdesenvolvidos) em desenvolvimento é a principal causa que dificulta ou impede que tenham crescimento econômico. (O elevado número de filhos que temos é o principal causador de nossa pobreza). A solução proposta pelos neo-malthusianos é o controle da natalidade, através de meios ou métodos que seriam o uso de anticoncepcional, DIU/laqueadura e aborto. Controle de natalidade e planejamento familiar são opostos, nunca sinônimos.
            Outra situação agregada devido o fluxo migratório direcionado ás cidades, que ocorre aqui no Brasil é o I.S.I (mão de obra barata para a industria). Industrialização para a substituição de importações. É o fenômeno oposto do que ocorre nos Grandes Tigres Asiáticos, denominado I.O.E (industrialização orientada para as exportações).
            A reação ou oposição aos neo-malthusianos são denominados de reformistas ou otimistas; afirmam que a redistribuição de renda promove a melhoria qualitativa de vida nos aspectos de saúde, alimentação e educação que levam ao planejamento familiar.
            No caso do Planeta Brazilis, necessita-se também de uma efetiva ação por parte do governo, empregando de forma correta (honesta) os recursos. Nosso Sistema Único de Saúde seria cômico, se não fosse trágico. Nossa educação pública está longe de ser uma referência positiva, havendo além da falta de estrutura e material, uma classe defasada em muito(me refiro aos professores, que não ganham o merecido). Sei que alguém, dotado de um pensamento brilhante, vai me contestar dizendo que outras tantas classes profissionais percebem um rendimento abaixo do que seria correto. Só que devemos entender que a saída para um país é a educação e que eles (professores), preparam nossos filhos. Se lá em cima do texto, foi relatado o desemprego devido a evolução tecnológica, mais necessário se faz, a oportunidade de ter uma educação alicerçada, servindo de estrado para a inclusão no mercado de trabalho.
             Estrutura da população:
             Em 1942 Collin Clarck fez a seguinte classificação: primário são todas as atividades relacionadas à exploração da terra; agricultura, pecuária e o extrativismo animal, vegetal e mineral. A extração de petróleo é considerada uma atividade do  setor secundário ( indústria). Setor secundário são todas as atividades de transformação, desde as mais simples até as mais complexas, são consideradas atividades industriais. Setor terciário: Caracterizada pela oferta de bens (comércio) e prestação de serviços; atualmente é considerado o mais importante setor de atividades econômicas. Recentemente surgiram os seguintes setores: quarternário ou terciário moderno. Tal setor surge com a revolução tecnocientífica  que teve início na década de 70 e cuja base foi a informática, que criou novas atividades econômicas, exemplo: a mecatrônica, robótica, telemática, bio tecnologia, engenharia genética, micro-eletrônica, etc; que se por um lado aceleram a formação do lucro, por outro lado acentuam o desemprego formal/estrutural. Quintenário:resultam de investimentos que são feitos em universidades, centros e institutos de pesquisas na busca do desenvolvimento de novas tecnologias que possam ter finalidade econômica.
Nova classificação das atividades econômicas
·         1º setor: capital privado que objetiva lucro.
·         2º setor: capital público, necessitando investimentos do estado em infraestrutura econômica e social.
·         3º setor: O.N.G’S.
             Particularmente, pouco me chama a atenção, este cabedal de definições,sobre
os setores produtivos. O principal é entender que o enfraquecimento do setor referente a agricultura, impulsiona o desarranjo sócio-econômico.
             Como foi colocada no início do artigo, a ideia era deixar fluir uma discussão.       
             Nem todo o assunto tem uma conclusão definitiva. Há quem observe com olhos xenofóbicos, há os vinculados com o social, há os capitalistas, há estes, há aqueles. E assim, semelhante a um cão que corre atrás do próprio rabo, ficamos nós, acadêmicos, divagando os problemas. Cada qual faça a sua análise e nas rodas de bate-papo, defendam suas ideias. É hora de sair da sala de aula e partir para a vida.



Bibliografia
Nenhum livro específico.
Apenas o que foi repassado nas aulas. Darei o crédito para o Professor Álvaro.



Um comentário:

  1. Enquanto discutimos as coisas acontecem, gostei muito da sua colocação sobre a bolha...interessante, me fez pensar mais nesta questão, poder aquisitivo como imaginativo. Muitas vezes nós consumidores fizemos coisas impulsionados pelo prazer do consumo, desrespeitando as reais necessidades. Parabéns pelo seu trabalho tão instigante.

    ResponderExcluir